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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Mais de 30 mil jovens experimentaram drogas

Mais de 30 mil jovens experimentaram drogas no ano passado18 Outubro 2012
Fonte: Expresso
Inquérito Nacional em Meio Escolar hoje apresentado revela que, em 2011, o consumo do tabaco voltou a subir. Há mais jovens a beber também, e a cannabis a dominar no capítulo das drogas.
Dados de 2011 revelam que o consumo de bebidas alcoólicas, de droga e de tabaco têm vindo a aumentar nas escolas públicas. Os resultados do mais recente Inquérito Nacional em Meio Escolar foram divulgados hoje e permitem concluir também que - particularmente ao nível do ensino secundário - as assimetrias geográficas anteriormente identificadas têm-se esbatido na última década.
Considerando o 3º ciclo, e em relação ao consumo recente de bebidas alcoólicas (últimos 12 meses), há a registar um aumento de consumo de todos os tipos de bebida. As respostas dos alunos indicam, no entanto, uma descida na percentagem dos que se embriagaram - 7% em 2011, o que equivale a 23 mil alunos.
Quanto ao consumo de tabaco, após um período de clara descida, verifica-se agora uma nova subida. Em números, 292 mil alunos (28%) admitiram ter fumado nos últimos 12 meses, número que desce para os 60 mil quando considerados os consumos atuais (últimos 30 dias).
Quanto ao consumo de drogas, "ocorreu um aumento da experimentação", que se situa nos 10% (cerca de 33 mil alunos). A cannabis é claramente a droga dominante, experimentada por 9% dos alunos.
Muitos não sabem que consumo de droga é ilegal
Num outro plano, 53% dos alunos do 3º ciclo sabem que o consumo de drogas é proibido - 10% estão convencidos de que o consumo é legalmente permitido, enquanto 11% admitem não saber responder. Já entre os alunos do secundário, 47% sabem que a droga é proibida, contra 13% que julgam o contrário e 7% que confessa não saber que resposta dar. 33% julgam que a proibição depende do tipo de droga ou da quantidade.
Ainda em relação aos alunos do secundário e em relação à evolução dos consumos atuais (nos 30 dias anteriores ao preenchimento do inquérito), "são de destacar os aumentos contínuos e relevantes, das prevalências de consumo de todas as bebidas alcoólicas. Metade dos alunos bebeu cerveja ou bebidas destiladas e um quinto embriagou-se (cerca de 50 mil).
Os consumos de droga revelam o aumento da experimentação, que "depois de uma descida, voltou a atingir os valores de 2001". A cannabis volta a ser a droga mais consumida - em 2011, 28% dos alunos do secundário já a tinham experimentado.
Tendência "não é boa"
Para Margarida Gaspar de Matos, professora da Universidade Técnica de Lisboa e coordenadora do estudo nacional HBSC/OMS (Health Behaviour in School-aged Children, da Organização Mundial de Saúde), os dados revelam mudanças que "não são catastróficas", mas que revelam uma tendência que está longe de "ser boa".
Convidada a comentar os resultados do Inquérito, o que fez também para o Expresso, a docente destaca o esbatimento das diferenças entre as diversas regiões (embora refira o Alentejo como uma zona, sempre, particularmente preocupante) e também "uma certa igualização dos géneros, com as meninas a acompanhar os rapazes no que aos consumos diz respeito".
Margarida Gaspar de Matos confessa que estava "até à espera de dados que mostrassem uma situação mais grave". O momento no país favorece as condições para que este tipo de consumos floresça, justifica, embora não deixe de salientar que são tendências comuns à generalidade dos outros países, "sobretudo no que diz respeito à cannabis".
Sobre "o que fazer" com estes resultados, a também psicóloga destaca a necessidade de "Portugal crescer como país, tomando medidas sustentadas que sejam transversais aos governos e apostem num sentido determinado". "Se algo prova este estudo é que os consumos refletem o bem-estar ou o mal estar das sociedades e é preciso trabalhar mais depressa", diz. Não se pode deixar de investir nestas áreas, para que que não se perca o bom caminho, conclui.

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