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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Substancias químicas afetam a família .



COMO O ABUSO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
AFETA A FAMÍLIA

Família, nesse contexto, tem que ser considerada qualquer pessoa que conviva diretamente com um adicto: mãe, esposa, filho, vizinho, grande amigo, chefe, etc, ...

Ao seu redor, o adicto tem um grupo de pessoas com quem convive intimamente e que vai lhe dando suporte financeiro, emocional, psicológico, com a esperança de que as coisas mudem. Por um tempo, pensam em não precisas de nenhum retorno. Estar perto de uma pessoa que precisa de ajuda não é uma má ideia. Então, qual o motivo de olharmos para o comportamento dos familiares?

O abuso de substâncias é um doença que ataca populações de forma aleatória. Não é o resultado de falta de força de vontade ou de valores morais. É uma doença progressiva, destrutiva, que pode resultar em morte ou danos físicos e mentais irreversíveis. Enquanto a obsessão pela droga vai aumentando, os familiares aumentam sua disponibilidade, aumentam sua carga de trabalho para compensar tudo o que começa a faltar.

A família vai se adaptando à uma situação onde tudo precisa ser resolvido; quanto maior a ausência de responsabilidade do adicto, maior a necessidade de compensar seu comportamento. Sempre com esperança, sempre se esforçando para que as promessas após as crises de que "não acontecerá mais" se concretizem, os familiares vão acumulando fracassos, desesperos, cansaço, abrindo mão de suas vidas sem perceber que nada está conseguindo ajudar ou modificar o problema.

- Como deixar as tarefas e compromissos do adicto se acumularem sem ansiedade?
- Abrir mão, no mínimo, do seu prazer, para ser o que se espera de quem ama.
- Como é difícil, quase impossível, viver com um mínimo de tranquilidade correndo o risco de perder uma pessoa amada.

Tentar manejar situações de caos é uma resposta saudável.Quando na nossa vida as situações ficam desconfortáveis, a habilidade para restaurar a ordem é necessária.
No entanto, quando esta habilidade está focada nos danos da adicção, a dedicação para resolver o caos, controlar os sintomas e os os efeitos do comportamento do adicto, nunca atinge o objetivo primário: fazer com que o outro pare de se drogar.
Admitir que todos os esforços não estão impedindo a evolução da doença é o primeiro passo.

Admitir que o amor, a dedicação, a conversa,a disponibilidade,a ajuda material e emocional não foram motivos para o outro parar de se drogar é a realidade .
Quando a família entende que o esforço para controlar a situação não surtiu efeito,está na hora de admitir que a doença da adicção é diferente de todas as outras situações de caos vividas na família.Quanto mais se gasta energia resolvendo os problemas do adicto,menos ele se compromete com qualquer mudança de comportamento.

- Será que, a longo prazo, as tentativas de cuidar da vida do outro não conseguem aumentar o seu uso de drogas?
Quem paga as contas ? Quem mente para o chefe quando ele não vai trabalhar? Quem compra e/ou faz a comida?
Infelizmente, tudo que a família faz para a a vida do adicto funcione, também mantem seu uso de drogas em pleno funcionamento.

Como parar de ajudar a doença ?

Em curto prazo, ir lidando com a adicção e pensando aguentar a viver se dedicando a tentar resolver todos os problemas,é um estilo de vida que acontece pela necessidade de estar sempre acreditando que o esforço vai funcionar.
Com o passar do tempo, o mesmo medo de perder o adicto para as drogas permanece. A doença permanece e os problemas permanecem. A doença aumenta e os problemas aumentam. O cansaço, a desesperança, a angústia, a falta de saúde da família também aumentam.

Então, não é só o adicto que precisa de ajuda,a família também precisa, talvez até muito mais de ajuda.
Por enquanto, deixar a ideia de que a família precisa reconhecer seu papel numa doença que afeta todos que vivem junto à ela,é o objetivo desse pequeno artigo.
Vamos dar continuidade falando do programa de tratamento para os familiares e recomendando que os grupos de mútua ajuda sejam procurados. Buscar ajuda, compreensão da doença,ouvir depoimentos de outras famílias que sofrem que estão com ferramentas para lidar com o adicto que também sofre,é o primeiro passo para, no mínimo, se ter a possibilidade de vencer essa batalha.
O abuso de substâncias ou dependência química é uma doença de toda a família.
E, acreditem:uma família em tratamento tem estatisticamente,mais chance de ajudar seu adicto a entrar em tratamento.

Angela Hoffmann

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